CAMPO GRANDE

Quase tudo em Campo Grande remete à sua história. A principal avenida, os parques, os museus, o comércio e o modo de vida, moldado por uma diversidade de costumes. Campo Grande preserva seus traços históricos e faz questão de cultuar tradições trazidas pelos imigrantes. Da mistura de raças e costumes nasceu a identidade da cidade, que também ganhou o nome de Morena devido ao solo avermelhado e ao clima tropical.

Justificando seu nome, Campo Grande ocupa um espaço geográfico privilegiado, na região central do Estado, nas imediações do divisor das águas das bacias dos rios Paraná e Paraguai, onde os elementos básicos da natureza tornam-se fatores imprescindíveis para a fixação do homem.

O dia 26 de agosto de 1899 seria um dia de festa na Vila de Santo Antonio de Campo Grande. Na igreja do protetor, os dois sinos dariam um som festivo. Aglomerações, foguetórios, churrascos, folguedos, entrariam pela noite ao som de catiras e polcas paraguaias. Afinal, depois de antigas e insistentes reivindicações, o governo estadual assinava a resolução de emancipação da vila, criando o município de Campo Grande.

Essa festa, entretanto, não aconteceu. Por uma razão muito simples: ninguém sabia. Na época, não existia rádio, telefone estava longe. O telégrafo era um projeto que Rondom, no começo do século, faria a aventura de implantar. O correio já existia no papel, criado para a vila pela administração geral de Cuiabá, cinco anos antes da emancipação. Mas ninguém ficou sabendo... Não havia correio.

Mas a história de Campo Grande começa bem antes.

No dia 4 de março de 1872, José Antônio Pereira formou uma comitiva composta de cinco pessoas, seu filho Antônio Luiz, dois escravos e Luiz Pinto, que morava em Uberaba e tinha prática em viagens pelo sertão.

José Antônio Pereira ficou sabendo da Vacaria com vastas campinas e saiu à procura de campos para criar e matas para lavoura, rumo ao sul de Mato Grosso.

Após três meses de caminhadas, no dia 21 de junho, José Antônio chegou à confluência de dois córregos, conhecidos mais tarde por “Prosa” e “Segredo”.

Construíram um rancho coberto de buriti, derrubaram uma pequena mata que existia entre os dois córregos, prepararam a terra para o plantio de milho e arroz, alguns meses depois, regressaram para Minas Gerais em busca de suas famílias.

Como não podiam deixar a pequena propriedade sozinha, em sua passagem por Camapuã, José Antônio faz um acordo com João Nepomuceno, para que este cuidasse de sua propriedade até seu retorno.

Passaram-se quase três anos, em meados de 1875, chegou por aqui Manoel Vieira de Souza (Manoel Olivério), com dois carros de bois, em companhia de seus filhos, sua mãe, de seus irmãos e alguns empregados. Nepomuceno, achando que José Antônio não mais voltaria, ofereceu a Manoel de Oliveira a pequena propriedade por trinta mil réis, na condição de que se José Antônio voltasse, Manoel Olivério, devolveria a propriedade mediante o ressarcimento daquela importância.

Em 14 de agosto do mesmo ano, chega José Antônio Pereira com uma numerosa caravana de onze carros de bois, carregados de viveres, mudas e sementes, um lote de gado de cria, acompanhado de sua esposa, seus filhos, o genro, alguns sobrinhos e mais escravos amigos, num total de 62 pessoas aportam na região.

Manoel Olivério, recebeu-o amistosamente, expôs as condições de seu negócio com João Nepomuceno, prontificando-se a entregar a propriedade ao seu legítimo dono. José Antônio dá por bem feita a transação e convida Manoel Olivério para trabalharem em comum acordo. Construíram novos ranchos às margens do córrego que fazia frente para a atual rua 26 de agosto.

A origem do nome da vem de uma promessa feita por José Antônio a Santo Antônio de Pádua, quando durante sua passagem por Santana de Paranaíba, onde foi obrigado a interromper sua viagem em virtude da malária que estava acometendo a população. Permaneceu ali por um bom tempo para debelar a epidemia, uma vez que era prático de farmácia. Foi aí que prometeu a Santo Antônio de Pádua construir uma igreja quando aqui chegasse, caso não perdesse nenhum dos seus entes.

Em 1876 e 1877, José Antônio cumpriu sua promessa construindo a capela e logo combinaram os casamentos do viúvo Manoel Olivério com Francisca de Jesus (filha de José Antônio), de Joaquim Antônio com Maria Helena e Antônio Luiz com Anna Luiza; eles filhos do fundador; elas filhas de Manoel Olivério. Já no início de 1878, José Antônio vai até Nioaque e contrata o Padre Julião Urchia para celebrar os primeiros casamentos e batizados.

Ainda em 1878, José Antônio volta pela última vez para sua terra natal, talvez para liquidar alguns negócios e trazer outros parentes. Após seu regresso, preservando a área que havia delimitado para a sede do Arraial, determinou as posses das primeiras fazendas.

Novas caravanas foram chegando, o entusiasmo dos primeiros habitantes contagiava a todos, pois diariamente chegavam mais pessoas para aumentar as atividades da povoação.

Atendendo ao apelo dos habitantes, no início de 1889, chegou o mestre José Rodrigues Benfica, que abriu a primeira escola.

A possibilidade de contemplar animais na natureza e vislumbrar no horizonte imponentes torres indicando o progresso faz de Campo Grande um dos melhores locais para se viver. Principalmente porque o progresso se busca não mais sem medir impactos, mas de forma harmônica, dentro de um novo conceito de desenvolvimento – a sustentabilidade.

Gestos tão simples como o passeio na avenida Afonso Pena e a roda de tereré, repetidos por gerações, se tornaram tão emblemáticos que o local, além de palco político e de manifestações populares, virou cenário das expressões artísticas. E a cultura, tão miscigenada, se assentou também na revitalização do rico patrimônio histórico, valorização da culinária, do artesanato e da produção intelectual, através da música, dos monumentos retratando a fauna dos Cerrados e do Pantanal e das artes plásticas com traços da bovinocultura.

A valorização das manifestações artísticas, patrimônio histórico e as festas populares fez surgir essa cultura mestiça. A herança dos costumes de povos de diferentes regiões deu a Campo Grande uma identidade legitimamente sul-mato-grossense. 

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